Toxoplasmose na gravidez, será um mito? Qual o papel dos gatos? Eu nunca me vou esquecer do pânico e da dor que vi alguém sentir, numa conversa de café que involuntariamente uma vez assisti.
Uma grávida a soluçar contava que se tinha “livrado” do seu pobre gato, porque assim lhe tinha instruído a enfermeira numa das consultas da rotina médica pré-natal devido aos riscos da Toxoplasmose na gravidez.
- “Eu livrei-me da gata imediatamente porque estava tão preocupada com a saúde do meu bebé, e agora sinto-me péssima com a situação!”
- Dizia a senhora a soluçar.
Aparentemente, a enfermeira não informou a futura mãe sobre os riscos da Toxoplasmose na gravidez e como proceder para minimizar os riscos de contrair a doença para o feto.
A enfermeira apenas disse que a grávida se tinha de livrar do gato e que assim já não corria riscos.
Na verdade, para mim o som da palavra to-xo-plas-mo-se (que honestamente me soa como se fosse um Alienígena) mete-me mais medo do que a doença em si.
Os gatos fazem parte do ciclo de vida da Toxoplasmose (tambem conhecida por doença do gato), mas estudos recentes mostram que o contacto com os gatos não aumenta o risco de infeção da Toxoplasmose na gravidez (nem a população em geral).
Se virmos por exemplo, os veterinários que trabalham com gatos com diferentes patologias, não mostram uma maior probabilidade de serem mais infectados pela Toxoplasmose.
Ah, não precisam de se livrar do gatos, mas para ficarem a saber ainda mais aconselho-vos a continuem a ler este artigo até ao fim.
Portanto, baseada em factos e estudos científicos, vamos de uma vez por todas esclarecer se existem ou não riscos associados a contrair Toxoplasmose na gravidez pelos gatos (aplica-se também à população em geral).
Quem come carne e quem gosta de jardinar sem luvas está mais sujeito a apanhar Toxoplasmose na gravidez do que do contacto directo com os gatos. Sugerem várias pesquisas.
Bem neste caso, acho que os humanos que comem carne mal cozinhada é que apresentam um risco para os felinos e não o contrário.
Supostamente a probabilidade do gato apresentar riscos para a saúde da grávida é menor do que, por exemplo, comer carne de porco mal cozinhada ou plantar umas flores no jardim.
Para apanharmos Toxaplasmose na gravidez, teríamos que ingerir as fezes do gato nos 14 dias do ciclo da infecção do mesmo e no período em que os Oocistos são contagiosos (1 a 5 dias).
Portanto, nem todos os gatos carregam Toxoplasmose, estando os gatos de exterior mais susceptíveis a contrair a doença. O que diminui ainda mais as probabilidades das futuras mães contraírem a doença.
A CDC (Centro de Controlo e Prevenção de Doenças) alega que o gato não é a maior ameaça no que toca à transmissão da Toxoplasmose na gravidez e que dificilmente alguém contrai a doença por ter contacto com os felinos.
Existe sim, uma maior probabilidade de contrair Toxoplasmose na gravidez se a futura mãe comer carne crua ou mal cozinha ou através do contacto com solo contaminado, mais do que se limparmos a caixa da areia dos gatos com luvas apropriadas.
Antes de descartarmos os gatos (como se fossem trapos velhos) vamos tentar perceber ainda melhor a Toxoplasmose na gravidez.
Ao intendermos o ciclo da Toxoplasma gondii (T. gondii) e o papel que os gatos desempenham na transmissão da doença, tenho a certeza que qualquer mulher grávida vai ficar mais relaxada e aliviada ao perceber que apanhar Toxoplasmose na gravidez através dos gatos é quase impossível.
O T. gondii é um organismo protozoário que usa animais de sangue quente como hospedeiro intermediário. Uma vez que um gato é infectado por Toxoplasmose, normalmente adquire imunidade e raramente será infectado novamente na sua vida.
Então, normalmente, é apenas durante a primeira exposição T. gondii que o gato excreta oocistos potencialmente infecciosos.
Inclusive, os oocistos não são imediatamente contagiosos, requerendo um período de incubação de um a cinco dias.
As grávidas geralmente apanham mais depressa a doença pelo consumo de carne mal cozinhada como já foi mencionado em cima ou até mesmo pela ingestão de água que esteja contaminada com o T. gondii e não pelo contacto com o gato. O felino e apenas um intermediário do qual o parasita T. gondii necessita para completar o seu ciclo de vida da Toxoplasmose.
Como foi explicado antes, para uma futura mãe contrair a Toxaplasmose na gravidez através de um gato, teria que:
Na minha opinião, mesmo que infectada, ao limparmos a caixa de areia dos gatos (com pá), mesmo não usando luvas é extremamente difícil de apanharmos a doença.
Pensando bem, qual é a pessoa que vai limpar a areia dos gatos directamente com as mãos independentemente de saber se o gato está infectado ou não?
Se não temos contacto com as fezes, dificilmente apanhamos Toxoplasmose na gravidez. O mesmo se aplica a qualquer ser humano, independentemente se está gravida ou não.
Conclusão, é pouco provável que uma mulher grávida contraia a doença através do seu gato de estimação.
Deve
Usar luvas quando anda a jardinar.
Lavar as mãos antes de cozinhar ou comer.
Lavar bem os utensílios de cozinha depois de manusear carnes cruas.
Usar luvas enquanto limpar a areia dos gatos.
Limpar a areia dos gatos todos os dias.
Não deve
Comer carne crua ou mal cozinhada assim como também carnes curadas tais como salame, fiambre ou presunto.
Comer leite de ovelha ou seu derivados não pasteurizados.
Tocar nas ovelhas grávidas e cordeiros.
Porque motivo é que a enfermeira não disse á senhora grávida que teria mais probabilidade de apanhar toxoplasmose de outras fontes, tais como dos alimentos?
O que é certo é que o NHS não fala lá que os gatos apresentam um risco assim tão grande para a grávida se forem tomadas as devidas precauções de higiene. Mas são bem claros em relação aos riscos de comer certas carnes e de consumir leite de ovelha durante a gravidez.
Não tema a Toxoplasmose na gravidez. Lembre-se que o seu gato vai ser uma das melhores terapias para o seu futuro filho/a.
Se tiver curiosidade sobre o poder dos gatos como terapia, pode ver aqui.
As precauções sensatas IR-NOS-ÃO proteger da Toxoplasmose na gravidez e a população em geral.
Livrarmo-nos do gato, é uma crueldade desnecessária para ambos as partes.
Quer saber mais sobre os sintomas, tratamento e prognóstico da Toxoplasmose nos gatos? Pode ver aqui
Krick JA and Remington JS. Toxoplasmosis in the adult overview. N England J Med 1978; 298: 550-3.7
Ho-Yen DO, Joss AWL (eds.) Human Toxoplasmosis. Oxford Oxford Medical Publications, 1992
Joynson DHM, Wreghitt TG. Toxoplasmosis: A Comprehensive Clinical Guide. Cambridge Cambridge University Press, 2001
The Advisory Committee on the Microbiological Safety of Food. Risk Profile in Relation to Toxoplasma in the Food Chain. London Foods Standards Agency, 2012
Alex W, Joss L. Treatment. In Ho-Yen DO, Joss AWL (eds.) Human Toxoplasmosis. Oxford Oxford Medical Publications, 1992: 119-143
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